Segundo dados do IBGE, no ano de 2019 foram registrados em nosso país a marca de 1.331.983 mortes, pelas mais variadas causas, superando em 2,6% o ano de 2018, que contou com 1.298.579 de óbitos. Em 13/12/2020, um jornal de grande circulação noticiou que o Brasil já teria batido o recorde de óbitos, superando o ano anterior e contando com 1.314.097 óbitos, até novembro daquele ano. Ainda segundo o grande jornal, o recorde de óbitos estaria sendo impulsionado pelas perdas decorrentes da pandemia da Covid-19. Para conhecimento de todos, até novembro de 2020 o Brasil registrou o número de 173.165 óbitos por Covid-19.
Talvez o leitor imagine que tenhamos lançado equivocadamente as informações acima ou que tenhamos errado nos números. Talvez pergunte onde teria havido o aumento anunciado se os números se equivalem ano a ano. Infelizmente não há erro e as informações estão lançadas de acordo com a fonte. Registramos aqui os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas para 2019 e as informações lançadas pelo periódico, sobre o ano de 2020, para apontar o quão as notícias podem ser manipuladas ou distorcidas ao interesse de quem divulga. Não houve aumento do número de mortos no Brasil impulsionado pela Covid-19. Praticamente o número se manteve estável, não obstante a pandemia.
E o que dizer sobre a notícia veiculada? A divulgação da informação precisa e correta é dever dos meios de comunicação e deve ser cumprida independentemente da linha política de seus proprietários, consoante descreve o artigo 2º, inciso I do Código de Ética do Jornalista, que fundamenta a profissão. Na mesma esteira, a produção e a divulgação da informação devem se pautar pela veracidade dos fatos, conforme descreve o art. 2º, inciso II do diploma deontológico. É direito fundamental do cidadão o de informar, ser informado e ter acesso à informação.
Verdade da informação e objetivismo são regras básicas de uma imprensa livre, séria e desinteressada. As informações precisam ser checadas antes de sua divulgação, assim como o veículo de comunicação não deverá ter interesse de que sua notícia influencie esse ou aquele leitor em qualquer sentido interpretativo.
Não é bem isso o que temos visto. Independente da questão partidária, alguns veículos de comunicação já não disfarçam mais suas preferências políticas e partem com tudo para cima de seus desafetos. Benjamin Franklin, para usar um exemplo histórico, segundo seu biógrafo, era agraciado e atormentado por uma característica comum dos bons jornalistas, a de querer participar do mundo e, ao mesmo tempo, continuar a ser um observador imparcial. Veracidade das informações com imparcialidade e objetivismo é o que se espera de uma imprensa livre e comprometida com a ética da profissão.
Há tempos nossa opinião deixou de ser pública e passou a ser “publicada” por aqueles que se beneficiam de alguma forma das informações ou dos fatos os quais são pagos para divulgar. A mesma imprensa que noticia o número de óbitos sem checar a informação não se dá ao trabalho de corrigir o erro ou de orientar corretamente seu leitor. Talvez seja por isso que a credibilidade de alguns veículos de comunicação esteja sendo tão criticada, a ponto de perderam uma fatia significativa de seus leitores para as redes sociais. Sempre há tempo de ser ético.
*Artigo publicado por Valério Ribeiro na edição nº367 da Revista Em Voga.
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