A SORTE NOS CONCURSOS

Estima-se que no ano de 2014 foram abertas cerca de 50.000 novos postos de trabalho nas mais diversas carreiras, ingressáveis pela via do concurso público. Isso se dá, sobretudo, pelo fato de que a investidura em cargo ou emprego público deverá ser por concurso de provas ou de provas e títulos, conforme preleciona o artigo 37, II da Constituição da República.

Nesse sentido, verificamos que o sonho tão almejado de um contracheque seguro deverá ser realizado após a concorrência acirrada com outros candidatos que certamente também estão buscando uma posição no mercado de trabalho.

E o que fazer para obter uma aprovação?

Talvez seja essa a grande pergunta feita pelos pretensos juízes, promotores, médicos, administradores, policiais federais, entre tantas outras carreiras à disposição dos concurseiros. Willian Douglas já vendeu mais de 175.000 exemplares, nas 26 edições de sua famosa obra “Como passar em provas e concursos”, apenas para tentar responder o questionamento acima apontado.

Pois bem,o que fazer para obter a aprovação?

Começo a responder a pergunta apoiado na obra de Malcolm Gladwell, titulada de Outliers ou Fora de Série, na versão traduzida. Em seu texto, o autor descreve a necessidade de pelo menos 10.000 horas de dedicação, para que alguém obtenha a excelência em qualquer assunto ou a expertise em qualquer atividade.

Talentos como Bill Gates, Pelé e até mesmo os Beatles despontaram para o mundo quando já haviam percorrido as 10.000 horas de dedicação. Não estamos questionando os elementos externos momentâneos que impulsionaram essas figuras, mas, apenas demonstrando que antes mesmo de obterem sucesso em suas carreiras já eram excelentes naquilo em que se propunham fazer.

Quando transportamos a regra das 10.000 horas para os concursos públicos percebemos, por exemplo, a dificuldade de se obter a aprovação em concursos de primeira linha, tais como Magistratura e Ministério Público, apenas para citar dois exemplos.

Se considerarmos que um curso de direito é concluído com cerca de 3.600 horas de aulas, como obter uma aprovação de imediato nos concursos de primeira linha?

Ainda considerando a regra das 10.000 horas, se dividirmos esse número por 8 horas, teremos algo em torno de 1.250 dias. Quero demonstrar que um aluno que se dedica cerca de 8 horas diárias de estudos, já a partir dos primeiros anos de universidade, sendo 4 horas em suas aulas diárias e mais 4 horas de estudos em casa, tem grande chance de obter aprovação tão logo conclua seu curso superior.

Nem estamos considerando aqui a exigência de 3 anos de experiência.

Esforço organizado, dedicação e foco são palavras de ordem para quem se propõe a obter uma aprovação em um concurso público. Quem é concurseiro já ouviu que “não se estuda para passar”, mas “até passar”. Isso demonstra que a realização desse objetivo tem muito mais de trabalho organizado do que qualquer outro elemento.

Bernardinho diz que “trabalho + talento = sucesso”, mas informa em seguida que normalmente o talento surge após o trabalho. Ainda segundo o técnico da seleção brasileira de vôlei, parafraseando Thomas Edson, “gênio é 1% de inspiração e 99% de transpiração”.

Costumo dizer que sorte é o encontro da competência com a oportunidade e que normalmente quanto mais trabalhamos mais sorte temos. Todo aquele que se dedica, trabalha de forma organizada e se prepara bem para realizar algo, tem muito mais chances de sair vitorioso do que alguém que apenas se dedicou sem considerar os elementos acima.

É preciso dedicação eficiente, centrada no objetivo perseguido e tratar qualquer um dos assuntos com organização, consistência e persistência. Sua atitude determina sua altitude.

Por fim, finalizo com Napoleon Hill dizendo que “quando alguém está verdadeiramente preparado para uma situação, ela acaba acontecendo”.

*Artigo publicado por Valério Ribeiro na Revista Em Voga.