O avanço do Direito está diretamente relacionado ao avanço social que, por sua vez, caminha ladeado dos aspectos econômicos, tecnológicos e científicos da vida em sociedade. A subsunção jurídica, ao menos em parte, cede espaço aos avanços digitais e à tecnologia da informação, afastando-se do fenômeno puro e simples da interpretação legislativa. Daí uma pergunta: como será a advocacia do futuro? Separamos nesse texto algumas percepções que poderão auxiliar os pretensos operadores da norma na escolha de seu ofício.
1) Humanização do atendimento. Por mais que pensemos em toda a tecnologia colocada à disposição, é precioso perceber que a experiência do cliente com o escritório não parte da interação com uma máquina. O advogado deverá aprimorar seu nível de inteligência emocional e empatia para saber ouvir e entender o que de fato seu cliente necessita. Áreas como família, sucessão, infância e juventude e idoso são ainda mais sensíveis sob esse aspecto.
2) Expansão on-line. As ferramentas digitais e os processos eletrônicos já alteraram substancialmente a forma como as ações judiciais são conduzidas. Isso, por sua vez, abriu um nicho de mercado expansivo incalculável, já que o advogado não precisa mais sair do escritório para conduzir um processo. Demandas podem ser monitoradas à distância, partindo de um bom programa de gerenciamento de dados e de uma boa estrutura em tecnologia da informação. Lembre-se: sua comarca é o território nacional.
3) Disponibilidade de atendimento. As redes sociais mudaram o modo como interagimos e como desenvolvemos os relacionamentos pessoais e profissionais. Não dá para aguardar a segunda-feira para responder a um simples questionamento ou a uma dúvida jurídica. Essa disponibilidade complementa o atendimento humanizado e denota zelo, preocupação e interesse com o problema alheio.
4) Trabalho híbrido e multidisciplinaridade. A advocacia moderna pressupõe uma interação com outros profissionais sem que as partes necessitem estar no mesmo ambiente físico. Assim como o EAD já é uma realidade no processo pedagógico, escritórios modernos contam com interação e automação digitais capazes de conectar pessoas e serviços dos mais variados segmentos. Além disso, no modelo híbrido de trabalho o escritório não necessita mais ser um único ambiente de desenvolvimento profissional.
5) Soft skills e hard skills. As habilidades comportamentais e as habilidades técnicas deverão caminhar lado a lado e fazer parte da formação do indivíduo. O profissional do futuro, especialmente o do Direito, deverá portar competências como liderança, proatividade, empreendedorismo, comunicação eficiente, otimismo e capacidade de interpretar a real necessidade de seu assistido. Nesse mesmo sentido, deverá ser também capaz de dominar as tecnologias e ferramentas digitais, além de ter um bom marketing jurídico sendo feito dentro das regras estabelecidas pelo Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil.
6) Encantamento. O cliente deverá ter um atendimento que o transporte para uma experiência única. Ele realmente deverá perceber que de fato o profissional que o assiste será capaz de entregar a melhor atuação e proteção de seus interesses, como também deverá sentir que de fato foi ouvido com empatia e preocupação. A experiência humana, fruto das relações intersubjetivas, são construídas em um interesse legítimo de servir. Fidelizar cliente é tê-lo como foco principal da organização. O serviço só existe porque temos a quem servir.
*Artigo publicado por Valério Ribeiro na edição nº387 da Revista Em Voga.
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