“Em nome de interesses pessoais, muitos abdicam do pensamento ético, engolem abusos e sorriem para quem desprezam.”
A frase acima é de Hannah Arendt, importante pensadora alemã do século XX. A afirmação revela em si, do ponto de vista minimalista, o quanto o ser humano é tendencioso, quando se trata de servir primeiro às suas vontades. O comportamento altruísta se revela escasso no ambiente plural, ao menos quando em jogo a necessária abdicação de direitos.
Do ponto de vista coletivo, por sua vez, o momento político vivenciado no Brasil traduz a real necessidade de rever os pactos e acordos concebidos em épocas de fartura e crescimento. O Estado não é onipotente e não consegue suprir a tudo e a todos. O indivíduo, em sua esfera singular, precisa enxergar sobre a necessidade de funcionalização de seu comportamento, em todos os sentidos. É exercer qualquer atividade sem se desviar da questão social.
Nesse sentido, é preciso estabelecer um pacto federativo de recuperação nacional. Uma espécie de “grande acordo”, multilateral, com concessões recíprocas e abdicação de direitos. Independente de partido e de classe, todos precisam aderir e enxergar que o estado brasileiro está à beira do caos. Não se constrói um país com oposição sem limites. Nem tão pouco conseguiremos avançar exercendo abusivamente nossos direitos. Superado o pleito é preciso reconciliar em nome do bem comum.
Depurar o sistema político, melhorar a qualidade legislativa, enxugar a máquina estatal, conter gastos e despesas, abrir mão de excessos são medidas que se impõem. Tudo isso em nome da melhoria do bem estar de todos e não apenas de uns parcos privilegiados.
Ademais, ainda segundo a filósofa de Hanôver, “o poder nunca é propriedade de um indivíduo, pertence a um grupo e somente existe enquanto o grupo se conserva unido”. Portanto, união, independente de posição partidária, seria uma solução viável ao restabelecimento de nosso país.
Do contrário, a grande citação da filósofa apontada no início do texto se torna um simples jargão popular: “Farinha pouca meu pirão primeiro”.
*Artigo publicado por Valério Augusto Ribeiro na edição nº 322 da Revista Em Voga.
Valério Ribeiro participa nesta sexta-feira, 7, às 20 horas, do evento SMO TALKS – Especial Dia Do Oftalmologista. O evento é uma realização da Sociedade Mineira de Oftalmologia, com o apoio do Conselho Brasileiro de Oftalmologia (CBO) e Associação Médica de Minas Gerais (AMMG).
A Constituição Federal de 1988 está à volta de completar, no próximo dia cinco de outubro, um quarto de século de sua promulgação e com ela a criação do SUS – Sistema Único de Saúde.
O caos da saúde pública e a busca desenfreada por lucros por parte das operadoras na saúde faz com que os médicos prefiram o atendimento em seu consultório particular.