Já tivemos a oportunidade de manifestar em diversas ocasiões sobre o fenômeno da desumanização da medicina. Nesse processo de transformação, a relação médico/paciente se acelera e os riscos de sua atividade também se intensificam. Pacientes que antes eram atendidos durante uma hora, ou mesmo durante uma tarde inteira pelos tradicionais médicos de família, hoje chegam a ser atendidos em minutos, quando buscam o sistema público de saúde.
Porém, resolvemos falar aqui sobre um outro fenômeno. O da desumanização do médico. Esse segundo processo de transformação, no entanto, não é provocado pelo profissional liberal, mas, também, pelo atravessador de sua mão de obra especializada. As operadoras de planos de saúde parecem desinteressar pelos bons profissionais, nivelando todos em uma vala comum. Para as entidades atuantes na saúde suplementar o que importa é atender, se é que isso realmente importa, e atender sem se importar se o usuário de seu plano escolheu o médico por ser de sua confiança ou por estar disponível na prateleira da operadora.
É sobre essa desumanização que nos referimos nesse texto. A desumanização do profissional mais liberal que se tem conhecimento desde as revoluções setecentistas. Esse segundo processo de transformação está tirando do médico assistente a capacidade de lidar com seu paciente e estabelecer com ele a relação mais nobre da medicina. A de atender e de lhe ministrar a pretendida cura dentro de sua autonomia técnica. Está tirando ainda o poder de escolha do paciente em não mais ser atendido pelo médico de sua confiança. Tudo se resume a números e gestão. Essa operadora tem tantas mil vidas. Aquela operadora tem mais de um milhão de vidas. E por aí vai.
Cremos que uma revolução silenciosa já se iniciou e vem tomando corpo no campo da medicina. Algumas especialidades não se sujeitam mais aos desmandos das operadoras e não aceitam exercer seu ofício por parcos valores. Cedo ou tarde as operadoras entenderão que sem médico não há assistência à saúde.
*Artigo publicado por Valério Augusto Ribeiro na edição nº351 da Revista Em Voga.
Valério Ribeiro participa nesta sexta-feira, 7, às 20 horas, do evento SMO TALKS – Especial Dia Do Oftalmologista. O evento é uma realização da Sociedade Mineira de Oftalmologia, com o apoio do Conselho Brasileiro de Oftalmologia (CBO) e Associação Médica de Minas Gerais (AMMG).
A Constituição Federal de 1988 está à volta de completar, no próximo dia cinco de outubro, um quarto de século de sua promulgação e com ela a criação do SUS – Sistema Único de Saúde.
O caos da saúde pública e a busca desenfreada por lucros por parte das operadoras na saúde faz com que os médicos prefiram o atendimento em seu consultório particular.