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10 de novembro de 2017

A EVOLUÇÃO/REVOLUÇÃO DA SAÚDE

Com uma população estimada em 200 milhões de usuários do sistema, no Brasil cerca de 50 milhões de habitantes possuem algum tipo de plano de saúde e cerca de 150 milhões contam com o sistema único (SUS). Temos cerca de 450 mil médicos distribuídos em 54 especialidades, o que responde por uma média de 2,11 médicos por grupo de 1.000 habitantes.

Nesse cenário, o que esperar em termos de avanços? Haverá mudanças em termos tecnológicos e assistenciais? O acesso à saúde será universal e atingirá seus objetivos? Na tentativa de responder a esses questionamentos, selecionamos algumas informações.

Inicialmente é preciso apontar sobre a importância da tecnologia da informação aliada ao setor. Mecanismos como telemedicina, sistemas de comunicação e arquivamento de imagens, o big data/analytics e o prontuário eletrônico de pacientes (PEP) têm sido utilizadas como ferramentas de gestão e eficiência não só por grandes grupos hospitalares, mas, também, pelo setor público, clínicas de pequeno porte entre outros profissionais.
Por outro lado, as propostas de alteração da Lei 9.656/98 parecem ir na contramão da melhoria do relacionamento no setor. Recentemente foi apresentada na Câmara dos Deputados a proposta de mudanças da lei de planos, que prevê, em apertada síntese, a liberação do reajuste por faixa etária, diminuição do valor das multas aplicadas às operadoras pela negativa de atendimento assistencial, alteração na forma de ressarcimento ao SUS quando negada a cobertura a que teria direito o usuário etc.
Se traçar um paralelo entre a evolução trazida pela tecnologia e a involução trazida nas alterações legislativas propostas, percebe-se que o sistema sofrerá uma verdadeira contradição. De um lado, os avanços tecnológicos tendem a reduzir custos assistenciais e otimizar o sistema. Do outro, as discussões judiciais se intensificarão pela negativa de cobertura, cujas reclamações têm sido acatadas em cerca de 90% das ações judiciais.
Setor público, hospitais, planos de saúde e indústria farmacêutica precisam estabelecer um diálogo aberto e transparente na área da saúde. Sem conversa franca e unitária, as partes economicamente mais fracas, médicos e usuários, continuarão à mercê da política de transferência de rendas, que não atinge seu objetivo principal, qual seja, a assistência universal.
*Artigo publicado por Valério Augusto Ribeiro na edição nº 327 da Revista Em Voga.

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