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16 de setembro de 2019

AMAZÔNIA E SOBERANIA

Em meio a tanto calor provocado pela imprensa sobre nossas florestas, é possível questionar se de fato a opinião veiculada é pública ou publicada e se tal opinião atende a interesses públicos legítimos ou interesses privados de alguns pequenos grupos.

Explico. É possível perceber as riquezas ambientais que estão acima do solo amazônico. Não precisa ser estudioso do assunto ou ambientalista para entender o quão é importante preservar para as presentes e futuras gerações. Há mais de 30 anos o legislador constitucional expressou isso no artigo 225 de nossa Carta Política.

Porém, é questionável saber quanto interesse há por traz de todo alvoroço e se tal interesse se refere à floresta ou ao subsolo. Mais ainda. Se o potencial produtivo de nosso agronegócio não é visto como uma ameaça ao setor produtivo europeu.

Sobre o terreno da floresta há o potencial do agronegócio. Sob o terreno deita um patrimônio mineral de considerável relevância cobiçado por todos os países ricos desse planeta. Ou será que começou a pegar fogo somente agora? Certamente que não.

A grande mineradora que poluiu recentemente Barcarena, no estado do Pará, tem sua matriz na Noruega. Um poluidor daquele solo e seu país de origem reclamam que não deixem pegar fogo a parte de cima da floresta. E como fica o subsolo poluído por metais pesados pela mineradora norueguesa? Eles não estão errados em tentar preservar e chamar a atenção para esse fato. Só não podem dizer que somos os irresponsáveis que eles intitulam que somos.

Por outro lado, a Europa devastou tudo que era possível devastar em seu território e nas diversas colônias que mantiveram sob seu jugo ao longo dos últimos séculos. Basta ler um pouco de história. Foram responsáveis, inclusive, por duas grandes guerras mundiais. Agora alguns países europeus se dizem preocupados com o nosso meio ambiente.

A Amazônia é nossa. Patrimônio nacional cuja soberania serve de manto protetivo. Porque não reflorestam o território deles? Parece que os governos daquele continente querem desviar a atenção dos problemas vividos dentro de casa.

Por fim, em meio a tanta queimada, percebemos o abuso de nossa política ao aprovar medidas contrárias ao combate à corrupção e tentar aprovar um fundo partidário de 3,7 bilhões. Certamente deveríamos aprovar, no mesmo regime de urgência, uma substituição do fundo partidário por um fundo de proteção de nossas florestas.

*Artigo publicado por Valério Augusto Ribeiro na edição nº349 da Revista Em Voga.

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