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6 de junho de 2017

O PACTO PELA FEDERAÇÃO

“Em nome de interesses pessoais, muitos abdicam do pensamento ético, engolem abusos e sorriem para quem desprezam.”

A frase acima é de Hannah Arendt, importante pensadora alemã do século XX. A afirmação revela em si, do ponto de vista minimalista, o quanto o ser humano é tendencioso, quando se trata de servir primeiro às suas vontades. O comportamento altruísta se revela escasso no ambiente plural, ao menos quando em jogo a necessária abdicação de direitos.

Do ponto de vista coletivo, por sua vez, o momento político vivenciado no Brasil traduz a real necessidade de rever os pactos e acordos concebidos em épocas de fartura e crescimento. O Estado não é onipotente e não consegue suprir a tudo e a todos. O indivíduo, em sua esfera singular, precisa enxergar sobre a necessidade de funcionalização de seu comportamento, em todos os sentidos. É exercer qualquer atividade sem se desviar da questão social.

Nesse sentido, é preciso estabelecer um pacto federativo de recuperação nacional. Uma espécie de “grande acordo”, multilateral, com concessões recíprocas e abdicação de direitos. Independente de partido e de classe, todos precisam aderir e enxergar que o estado brasileiro está à beira do caos. Não se constrói um país com oposição sem limites. Nem tão pouco conseguiremos avançar exercendo abusivamente nossos direitos. Superado o pleito é preciso reconciliar em nome do bem comum.

Depurar o sistema político, melhorar a qualidade legislativa, enxugar a máquina estatal, conter gastos e despesas, abrir mão de excessos são medidas que se impõem. Tudo isso em nome da melhoria do bem estar de todos e não apenas de uns parcos privilegiados.

Ademais, ainda segundo a filósofa de Hanôver, “o poder nunca é propriedade de um indivíduo, pertence a um grupo e somente existe enquanto o grupo se conserva unido”. Portanto, união, independente de posição partidária, seria uma solução viável ao restabelecimento de nosso país.

Do contrário, a grande citação da filósofa apontada no início do texto se torna um simples jargão popular: “Farinha pouca meu pirão primeiro”.

*Artigo publicado por Valério Augusto Ribeiro na edição nº 322 da Revista Em Voga.

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