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17 de junho de 2025

Demografia Médica 2025

O estudo “Demografia Médica no Brasil 2025“, coordenado pelo Departamento de Medicina Preventiva da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP) em parceria com a Associação Médica Brasileira (AMB), oferece uma análise detalhada da situação atual e das projeções para a medicina no Brasil. A seguir, apresentamos algumas conclusões que se pode extrair do atual cenário.

Densidade Médica por 1.000 Habitantes: Até o final de 2025, o Brasil deverá contar com aproximadamente 635.706 médicos em atividade, o que corresponde a uma média de 2,98 médicos por grupos de 1.000 habitantes. Esse número ainda está abaixo da média recomendada pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), que é de 3,7 médicos por 1.000 habitantes. Porém, está próximo do número de países desenvolvidos, tais como Estados Unidos (2,6), Japão (2,5), Canadá (2,7) e um pouco mais distante de países como a Suíça (4,2), Alemanha (4,4), Noruega (5,18 e Grécia (6,1) em médicos por grupo de 1.000 habitantes.

Projeção para 2035: O estudo projeta que, até 2035, o Brasil poderá ter entre 1,1 milhão e 1,3 milhão de médicos, dependendo do ritmo de expansão das vagas de graduação e residência médica. Com base na projeção mais conservadora, estima-se que o país alcance 1.152.230 médicos, o que corresponderia a uma média de 5,2 médicos por 1.000 habitantes.

 


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Exame de Proficiência: Diante da crescente massificação do ensino médico, especialmente com instituições de ensino com baixa estrutura e qualidade questionável, surge uma necessidade urgente da implementação de um exame nacional de proficiência médica. Esse instrumento serviria como um filtro técnico e ético para garantir que apenas profissionais com a qualificação mínima necessária ingressem no mercado. Esse exame, já adotado em outros países com sistemas de saúde consolidados (como EUA – USMLE, e Reino Unido – PLAB), garantiria mais segurança à população e fortaleceria a medicina como uma carreira de responsabilidade pública. O crescimento numérico da categoria precisa estar alinhado à excelência técnica, ética e científica, e não apenas ao volume de profissionais formandos.

Evolução dos Honorários Médicos nos Últimos 30 Anos: Embora o estudo “Demografia Médica no Brasil 2025” não forneça dados específicos sobre a evolução dos honorários médicos, é possível afirmar que, historicamente, os honorários médicos no país não acompanharam o crescimento proporcional do número de médicos e da inflação. Isso resultou em uma remuneração real que, em muitos casos, ficou muito aquém das expectativas dos profissionais da área.

Também podemos concluir, de acordo com o estudo e com o atual cenário, que (i) pela primeira vez, as mulheres representam a maioria entre os médicos brasileiros, com 50,9% do total de profissionais em atividade; (ii) há uma concentração significativa de médicos nas regiões Sul e Sudeste, enquanto o Norte e o Nordeste apresentam menor densidade médica, evidenciando desigualdades no acesso à saúde. (iii) O número de cursos de medicina aumentou consideravelmente nos últimos anos, mas a oferta de vagas em programas de residência médica não tem acompanhado esse crescimento, o que pode impactar na formação de especialistas.

Essas informações são essenciais para compreender o panorama atual e as perspectivas futuras da medicina no Brasil, permitindo uma análise crítica e fundamentada sobre os desafios e avanços na área da saúde.

 

Artigo publicado por Valério Ribeiro na edição nº419 da Revista Em Voga.

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